CAP.
8 - SEPARAÇÕES E CONSCIÊNCIA
Não
são poucos nem novos os argumentos e movimentos favoráveis às
separações conjugais, ao se verificar que as estruturas da
convivência estão abaladas no quotidiano.
Variadas
sociedades apresentaram a opção separatista para os casais,
silenciando quanto a quaisquer mecanismos e formas capazes de atenuar
o problema, contorná-lo ou mesmo desfazê-lo.
A
separação, seja qual for o tratamento legal com que se recubra,
seja separação simples, desquite ou divórcio, em sendo uma medida
extrema para os envolvidos nas dificuldades, somente deveria ser
evocada e aplicada em casos igualmente extremos, quando o desrespeito
humano chegasse ao absurdo ou a violência despenhasse para a
agressão física ou para os disparates morais, capazes de promover
ainda piores resultados.
Ninguém
deverá ser forçado a conviver com alguém com quem não se ajusta
ou não mais se ajusta, quando tenha tido o ensejo da experiência a
dois. Ao mesmo tempo não se deverá monosprezar os sinais da
responsabilidade decorrente das escolhas levianas, dos conúbios da
paixão enganadora, nos quais um procura iludir o outro com
mentirosos envolvimentos para o abandono mais tarde.
Sem
hesitação, afirmamos que toda separação traumatiza o psiquismo de
um ou de outro, ou os dois, em admitindo que as pessoas não são
feitas de mármore, frias, ainda que tentem passar essa imagem aos
que as cercam ou se esforcem por não incomodar os afetos e amigos.
As
dúvidas intensas quanto às razões verdadeiras da desunião
misturam-se aos sentimentos de insegurança quanto ao desempenho
conjugal, nos vários lances a que se presta.
Desalentam
o recomeço da vida afetiva e as incertezas quanto aos riscos de
enveredar-se por outras experiências de construção do lar ou
quanto às vantagens de permanecer sozinho, diante da carência de
aconchego e de companhia compartilhados no bojo doméstico.
Os
estigmas sociais em diversas regiões, não obstante o caráter de
modernidade que têm tomado, somam-se à angústia de ter-se que
explicar aos filhos, quando existam, os porquês de tudo e de quem é
a responsabilidade maior pelo sucedido infausto.
É
muito comum que se encontre um dos separados lançando a mente dos
filhos contra a imagem do outro, sem qualquer noção do veneno
tremendo que é destilado e do quanto o problema se ampliará para
todos os implicados na questão dificultosa.
Minha
irmã e meu irmão, ninguém duvida das lutas e das frustrações que
costumam perturbar a senda dos seus anseios matrimoniais. Ninguém
seria tolo ao ponto de descrer dessas problemáticas portas adentro
do seu refúgio doméstico. Entretanto, pensem que a separação não
deverá ser a primeira opção na pauta de soluções dos seus dramas
conjugais.
É
válido não trocar desnecessariamente um problema áspero, às
vezes, por outro que não será menos rude, tendo-se em vista que no
mundo ninguém é detentor da totalidade das virtudes. Valem a pena
as tentativas que o respeito a si mesmo e o equilíbrio
ético-moral-mental recomendam, para resgatar o lar mergulhado em
situações ameaçadoras.
É
válido tentar-se o diálogo esclarecedor, o carinho límpido, o
acompanhamento solitário, a oração honesta e profunda, a
prodigiosa cooperação fluidoterápica ou mesmo a procura de algum
profissional equilibrado e digno, que respeite a construção
familiar, a fim de evitar a separação definitiva.
A
consciência do dever cumprido, porém, e a certeza de que tudo foi
tentado em nome do bom senso e da grandeza moral, para a mantença do
ninho doméstico, permitirá a uma parte ou outra o desatamento dos
vínculos sociais do consórcio matrimonial, muito embora não se
possa garantir o desatamento dos vínculos espirituais que estejam
nas bases do processo conjugal.
Evite,
então, o quanto possa, a opção do abandono do outro,
principalmente se você, por crer em Deus e nas Suas Leis de
sabedoria plena, estiver disposto a testar as suas próprias
resistências e convicções, suportando um pouco mais e, além
disso, contribuir para que tudo possa modificar-se de maneira mais
feliz.
Se
o seu caso é daqueles em que a separação já é uma realidade, sem
possibilidades de retroagir, aprume-se perante as leis cósmicas
vigentes em sua consciência, a fim de conquistar calma e entusiasmo
de viver.
Fuja
das aventuras promíscuas e fúteis supondo estar livre e
desimpedido. Você poderá ter-se liberado da presença da outra
pessoa, contudo, nunca se livrará da consciência que pulsa, que se
manifesta em seu íntimo. Viva com correção e saúde, sem se
permitir adoecer no desalinho espiritual, nos comprometimentos
inferiores.
Se
você já se envolveu em nova união conjugal, com a pessoa que
mereceu sua confiança e que lhe sensibilizou a alma, tenha, agora,
maiores cuidados, buscando superar os seus próprios conflitos,
caprichos e erros, compreendendo as deficiências da sua alma
escolhida, em virtude de que a vida na Terra não pode ser
transformada num mero brinquedo em suas mãos.
Não
alimente revoltas, não reabasteça as labaredas do ódio, não
mantenha indiferença para com aqueles que lhe partilharam a vida
doméstica. Antes, ore por eles, como, onde e com quem estejam, a fim
de que, sabendo que num dia ou noutro, no porvir, você será chamado
a retomar os passos deixados para trás, de modo a corrigi-los, não
pese nos seus ombros a canga de maiores remorsos por haver
contribuído para a infelicidade de outros, por meio de suas
vibrações e energias envenenadas, desfechadas pelo seu temperamento
rebelde ou por seu humor sombrio.
Em
todo e qualquer caso, entregue-se ao Pai dos Céus. Faça um profundo
exame das dificuldades deixadas na retaguarda e das possibilidades
entrevistas à frente e siga contente na busca de maior plenitude e
de identificação gradativa com a vontade de Deus, nos percursos que
você está fazendo nas lides terrenas.
Fonte:
Vereda Familiar (Ditado por Thereza de Brito. Psicografia de
J. Raul Teixeira. Editora Fráter. 1991)
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