SABEDORIA
O
saber implica a facilidade de elaborar ideias simples para explicar coisas aparentemente complexas, utilizando-se
os recursos fecundos inspirativos
do
universo interior.
Há
séculos, os grandes pensadores e filósofos vêm-nos ensinando que o
autoconhecimento é a base primordial para alcançarmos a verdadeira
sabedoria. Mas, para saber realmente quem somos, precisamos mergulhar
nas profundezas do ser e buscar a sabedoria existente em nosso mundo
íntimo.
Se
fomos criados por Deus e se Ele colocou em nós a sua marca - a idéia
de Deus é inata no homem (1)
-, ao nascermos, já trazemos como herança a marca divina. A
onipresença do Criador abrange todo o Universo, manifestando-se em
todas as suas criaturas e criações. Portanto, o passo fundamental
para entrarmos em contato com o verdadeiro saber é tomarmos
consciência de que Deus
está em nós, somos
deuses em potencial, conforme a expressão evangélica.
Ser
sábio não se fundamenta apenas no grau de informação ou de
conhecimento que temos sobre a vida terrena. Nem sempre indivíduos
requintados e instruídos são portadores de senso intimo bem
desenvolvido ou de alto nível de discernimento. Não devemos
confundir cultura ou instrução com sabedoria.
Muitas
pessoas cultas não são sábias, apesar de ostentarem um ar de
superioridade intelectual. Não distinguir instrução de sabedoria é
como não diferenciar diamantes de contas de vidro. A Espiritualidade
Superior nos estimula a manter contato
profundo
e significativo com nossa força interna, a fim de que possamos nos
familiarizar com a "voz da consciência".
O
saber implica a facilidade de elaborar idéias simples para explicar
coisas aparentemente complexas, utilizando-se os recursos fecundos e
inspirativos
do
universo interior.
O
conhecimento do sábio provém do mundo silencioso. É no silêncio
que a introspecção
enlaça
o santuário da sabedoria. Quem mais conhece menos alarde faz; quem
pouco conhece faz muito estardalhaço.
Precisamos
adquirir o hábito de dedicar algum tempo ao silêncio da meditação,
uma vez que o "olho interior" nos proporciona inúmeras
formas de percepção (nós próprios, o mundo, a Natureza e Deus);
enfim, ver o fundo e não apenas a superfície das coisas.
A
sabedoria está igualmente ligada à forma como notamos a sutileza do
mecanismo cíclico que move o Universo. Nele, tudo obedece a um ritmo
natural; a raiz de nossa evolução corporal/espiritual está fincada
nas íntimas relações com a Natureza. Se nos observarmos mais
atentamente, veremos que somos parte dela.
O
fluxo da Vida faz com que tudo se realize num reciclar constante e
periódico. Nos pequenos seres, ela repete, em menor escala, o
magnífico e imensurável movimento cósmico.
Na
Terra, como em toda a criação, tudo é submetido a movimentos
alternados, desde as marés, as fases da lua, as interações entre
os organismos dos ecossistemas, a diversidade dos fenômenos
meteorológicos, os biorritmos
humanos
e outras tantas coisas.
Quando
admitimos o conjunto das forças que movem e animam a evolução da
vida, começamos a perceber o dinâmico e sábio processo da
ritmicidade que existe dentro e fora de nós. O desenvolvimento
evolutivo nos mostra que tudo se encadeia harmonicamente.
Na
questão 540
de
O
Livro dos Espíritos, obra
básica do Espiritismo, encontramos a seguinte exposição: "(...)
E
assim que tudo serve, tudo se coordena na Natureza, desde o átomo
primitivo até o arcanjo que, ele mesmo, começou pelo átomo.
Admirável lei de harmonia da qual vosso espírito limitado não pode
ainda entender o conjunto."(2)
A
ação
do
homem desprovido de sabedoria tende normalmente a modificar, de
acordo com seus caprichos ou pontos de vista pessoais, a Natureza que
o cerca. Desse modo, as atitudes dele resultam num desgaste inútil
de suas forças físicas e intelectuais e numa agitação
desnecessária sem qualquer possibilidade de atingir a meta
pretendida. Ao contrário do homem sábio, que não se opõe à ação
da
Natureza, mas entra em sintonia com ela, realizando e atuando
em
seu favor.
A
criatura humana intelectualizada desenvolve-se
no
sentido horizontal, enquanto a verdadeiramente sábia transcende no
sentido vertical.
O
sábio é aquele que desenvolveu a capacidade sapiencial
de
comparar, avaliar e ponderar as ideias com a precisão dos
cientistas, com a generosidade dos benfeitores, com a sensibilidade
dos poetas, com o bom senso dos filósofos, com a naturalidade das
crianças e com o desprendimento dos que amam sem condições.
(1)
Questão 6 de O Livro dos Espíritos
(2)Questão
540 Os Espíritos que exercem uma ação sobre os fenômenos da
Natureza agem com conhecimento de causa, em virtude do seu
livre-arbítrio ou por um impulso instintivo ou irrefletido?
"Alguns
sim, outros não. Eu faço uma comparação: imagina essas miríades
de
animais que, pouco a pouco, fazem surgir do mar as ilhas e os
arquipélagos; crês que nisso não há um fim providencial e que uma
certa transformação da superfície do globo não seja necessária à
harmonia geral? Esses não são mais que animais da última ordem que
cumprem essas coisas para proverem suas necessidades e sem
desconfiarem que são os instrumentos de Deus. Muito bem! Da mesma
forma os Espíritos, os mais atrasados, são úteis ao conjunto.
Enquanto ensaiam para a vida e antes de terem a plena consciência
dos seus atos e seu livre-arbítrio, agem sobre certos fenômenos dos
quais são agentes inconscientes; eles executam primeiro; mais tarde,
quando sua inteligência estiver mais desenvolvida, comandarão e
dirigirão as coisas do mundo material. Mais tarde, ainda, poderão
dirigir as coisas do mundo moral. É assim que tudo serve, tudo se
coordena na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo que,
ele mesmo, começou pelo átomo. Admirável lei de harmonia da qual
vosso espírito limitado não pode ainda entender o conjunto. "
Fonte:
Os Prazeres da Alma (Ditado
por Hammed, pela psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto. Editora
Boa Nova)
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